Bráulio está de regime, compenetradíssimo.
Vamos a um restaurante. Vigia tudo o que como, dá conselhos, pontifica. Eu desisto de discutir e observo o mestre da dieta em ação.
“Salada eu posso comer sem limite; cenourinha, pepinos, abobrinha também !”
Para prová-lo, enche um prato de ogre de conto de fadas. Um prodígio de equilíbrio. Enquanto se prepara para enfrentá-lo, encomenda ao maître o prato principal.
“Eu quero uns filezinhos de mignon de cordeiro, apenas rosados, bem rosados. Se não vierem assim, devolvo. Uma ou duas cebolas assadas (eu posso comê-las sem problemas) para enfeitar.”
Vencida a salada, sem resistência e com notável agilidade, chegam os tais filezinhos.
“Mas estão passados demais ! Eu não avisei ? Mande fazer outros, por favor, estes não dá para comer. Mas deixe o prato aqui, para eu poder pelo menos comer as cebolas, enquanto espero.
“ Claro, um momento só !”
Chega o novo prato, na perfeição. O garçon coloca mais uma travessa de cebolas assadas (brinde do maître) e se prepara para trocar os mal-falados e bem-passados filezinhos anteriores.
“Surpresa geral. Onde estão ? Ficara apenas um leve vestígio de molho. Um gato ? Um descuidista ?
Bráulio enfrenta a realidade: “Acho que me distraí e comi todos ! Que coisa, e estavam tão fora do ponto que gosto ! Paciência, vamos agora aos novos, estes sim com aspecto maravilhoso ! “
Aspecto e paladar. Não sobreviveram mais de dois minutos...
Os companheiros de mesa, amigos e compreensivos, nada comentaram. Bráulio, entretanto, não se contém:
“Vocês viram como eu sou capaz de seguir rigorosamente o meu regime ?
“Não resisto: “Seguir, pegar e devorar, não é mesmo ? Parabéns pela força de vontade.”
“Mire-se no meu exemplo, meu caro, é só questão de disciplina !”
Vivendo e aprendendo ...
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